Em recente viagem ao Japão, me encontrei em um minúsculo restaurante com ares tradicionalíssimos sentada à frente do próprio sushi man e dono do estabelecimento. Não havia mais ninguém ali além desse casal de brasileiros meio tímidos no balcão e pouco familiarizados com os rituais de uma refeição tão intimista e formal. Sashimis e sushis eram colocados, um a um, no prato enquanto o chef aguardava a analisava nossa reação a cada mordida. Salmão e atum já são velhos conhecidos do nosso paladar ocidental, mas como esconder o estranhamento ao experimentar, por exemplo, ouriço do mar ou lula crua? Confesso que o saquê ajudou bastante a mantermos o sorriso e a simpatia e acho que saímos de lá sem nenhuma gafe ou deslizes de etiqueta.
Meu estômago quase totalmente vegetariano estranhou aquele bombardeio de peixe e frutos do mar crus e saí de lá um pouco enjoada (não, não foi o saquê, ok?! Não ousem culpar o saquê!). Mas, independente das minhas preferências alimentares, voltei pra casa fascinada por aquela experiência nova e muito intimidadora que foi comer frente a frente ao sushiman. E como eu sempre faço quando volto de alguma viagem que me encantou, saio em busca de filmes, livros e tudo mais que possa complementar o tanto que aprendi na estrada. Foi assim que eu me deparei com um filme que há muito tempo estava na minha lista para ver e sempre ficava pra depois: o documentário Jiro Dreams of Sushi (2011/Diretor: David Gelb).
O filme mostra a busca incansável de Jiro Ono, sushimaster e dono do famoso restaurante Sukiyabashi Jiro, pelo sushi perfeito. Década após década ele segue a mesma rotina de trabalho na tentativa de aperfeiçoar a técnica ainda mais com muita disciplina e humildade. Além de personagens cativantes – Jiro é seguido de perto por seus filhos e aprendizes – o documentário também apresenta imagens belíssimas de todo o ritual de preparo das comidas, do mercado de peixes Tsukiji e, é claro, de Tokyo.
Se prepara! Se você já foi ao Japão, assistir a esse filme vai trazer de volta um gostinho saudoso da sua viagem. Mas se você ainda não teve a chance, pode ter certeza de que ficará com um apetite voraz de fazer as malas e se mandar pro outro lado do mundo!