top of page
Writer's pictureClarissa Ferreira

Spiti Valley: Uma viagem pelas estradas mais perigosas da Índia


dhankar monastery india

Considerada uma das melhores road trips da Ásia, o circuito Kinnaur-Spiti, no norte da Índia, atrai, verão após verão, motociclistas, mountain bikers e motoristas off road de todo mundo. A estrada, que corta os profundos vales das montanhas do Himalaia na fronteira com o Tibet, encabeça a lista das mais traiçoeiras do mundo e é a porta de entrada para uma das regiões mais remotas do país. A influência budista acompanha toda a viagem - das coloridas bandeiras de mantra aos monastérios centenários que brotam no alto de penhascos - e as vilas medievais que hospedam os visitantes são uma janela para antigas comunidades que há séculos encaram a dura vida acima dos 4 mil metros.

(Episódio 22: Spiti Valley)

O circuito tem duas cidades principais que servem de base para a partida ou chegada dos motoristas, dependendo da direção do circuito. São elas SHIMLA, antigo refúgio dos ingleses para os meses quentes do verão em Delhi, e MANALI, o paraíso dos mochileiros no norte da Índia. Nestas duas cidades é possível alugar e comprar motos ou fechar uma expedição completa de 4x4 com motorista experiente e guia local para quem for realizar trekkings pelo caminho. Aos que vão encarar o percurso de forma independente e mais em conta, existem mini ônibus ligando as vilas principais, mas eles partem apenas uma vez por dia e podem deixar sua viagem ainda mais lenta (a melhor solução para quem está com orçamento baixo é tentar fechar um grupo para rachar um carro)

Na estrada

(FOTO: Clarissa Ferreira || Hindustan-Tibet Road)

Saindo de Shimla, a estrada vai gradativamente ganhando altitude… e se deteriorando. A partir dali começa a emblemática Hindustan - Tibetan Road, rodovia que começou a ser construída na encosta vertical das altas montanhas do Himalaia em 1850 com o objetivo de facilitar o transporte de mercadorias até o Tibet e, como é de se esperar, custou a vida de muitos operários. Com suas curvas fechadas, desfiladeiros, túneis precários e constantes deslizamentos de terra, a estrada não é feita para motoristas inexperientes nem passageiros de coração frágil. Para compensar os momentos de sufoco - na direção ou no banco do carona - o visual que acompanha a viagem é de tirar o fôlego. Lá embaixo, o vale verde exala ares de verão depois de um longo e tenebroso inverno e o rio Spiti corre rápido com a força das águas do degelo da neve das montanhas. Os maciços do Himalaia estão tão perto, que é possível identificar as gigantescas geleiras no topo dos picos nevados despontando contra o céu azul.

Nako Village

(FOTO: Clarissa Ferreira || Nako Village, Spiti)

À noite, viajantes cobertos de pó e cansados da estrada se cruzam nas vilas de contos de fadas que parecem congeladas no tempo com suas casas de pedra, templos centenários, ovelhas, vacas, idosos trabalhando no campo e crianças tímidas. Pousadas e homestays estão preparadas para recebê-los com simplicidade e a sempre deliciosa gastronomia local. Estamos no verão e ainda assim a temperatura é negativa durante a noite, o que faz pensar como é a vida nas montanhas quando o inverno chega e isola aquelas comunidades do resto do país soterrando a já precária estrada de neve. Para chegar e sair, apenas com helicóptero do exército.

(Leia mais: "Road trips na Ásia")

Chandratal lake camp

(FOTO: Clarissa Ferreira || Chandratal Lake Camp, Spiti)

Dia após o outro, caminhonetes, motos e algumas poucas bicicletas se cruzam pelo caminho trazendo viajantes que buscam os tesouros escondidos do Vale do Spiti como, por exemplo, o monastério de Tabo, o mais antigo da Índia e um dos mais antigos do mundo fundado em 996 DC. Para esticar as pernas e dar um tempo na estrada, há uma infinidade de trilhas que levam a templos, vilas, picos e lagos. O sagrado Chandratal Lake está no fim de uma dessas trilhas e marca a última noite dos viajantes que começam o cricuito em Shimla. O pernoite aos 4270m em um acampamento no coração do Himalaia é uma despedida a altura da aventura. No dia seguinte, o exaustivo trecho final de estrada leva a Manali, um oásis mochileiro onde os viajantes podem encontrar pousadas confortáveis, boa comida, cerveja gelada e wifi, este último ítem absolutamente ausente ao longo dos quase dez dias percorrendo o vale do Spiti.

Se animou com a viagem? Estão confira o PASSO A PASSO do roteiro pelo VALE DO SPITI e todas as DICAS de como planejar a sua viagem. E para mais conteúdo sobre a Índia, acesse AQUI.

bottom of page